terça-feira, 14 de outubro de 2008

PROGRESSÃO EM MARCHA DE URGÊNCIA



Via com duas ou mais filas de trânsito no mesmo sentido e em que uma é corredor BUS

PROGRESSÃO EM MARCHA DE URGÊNCIA


Via rápida ou auto-estrada com pluralidade de filas de trânsito

PROGRESSÃO EM MARCHA DE URGÊNCIA

PROGRESSÃO EM MARCHA DE URGÊNCIA

1- Não podemos nunca correr riscos desnecessários, pois arriscamo-nos a não chegar ao local da ocorrência e, portanto, não socorremos…

2- Ser visto pelos outros condutores

3- Circular com os faróis médios ligados

4 - Circular ligeiramente desalinhado em relação aos veículos da frente

5 - Via (normal) com uma fila de trânsito em cada sentido

6 - As ultrapassagens far-se-ão de acordo com as normas estabelecidas para todos os veículos, isto é, entrando na faixa contrária quando isso seja possível, e ultrapassando pelo lado esquerdo.

SINALIZAÇÃO SONORA

Etapas da reacção ao som:

1-Detecção
2-Reconhecimento
3-Interpretação
4-Reacção

Apenas 26% dos ocupantes das viaturas a circular com as janelas fechadas, conseguiam em tempo útil, identificar a direcção do som de uma sirene

A sirene devera ser colocada na grelha frontal da viatura e não no tejadilho. São frequentes níveis sonoros no interior da viatura na ordem dos 115 dB, muito acima dos 85dB de máximo recomendáveis

SINALIZAÇÃO EM MARCHA DE EMERGÊNCIA

Artigo 64.º C.E

Trânsito de veículos em serviço de urgência
1. Os condutores de veículos que transitem em missão urgente de socorro ou de polícia assinalando adequadamente a sua marcha podem, quando a missão o exigir, deixar de observar as regras e os sinais de trânsito, mas devem respeitar as ordens dos agentes reguladores do trânsito.
2. Os referidos condutores não podem, porém, em circunstância alguma pôr em perigo os demais utentes da via, sendo, designadamente, obrigados a suspender a sua marcha:
a) Perante o sinal luminoso vermelho de regulação do trânsito, embora possam progredir depois de tomadas as devidas precauções, sem esperar que a sinalização mude;
b) Perante o sinal de paragem obrigatória em cruzamento ou entroncamento.
3. É proibida a utilização dos sinais que identificam a marcha dos veículos referidos no nº 1 quando não transitem em missão urgente.

Manobras de Compensação

Qualquer manobra que faça abrir as trompas de Eustaquio designa-se por manobra de compensação.Há indivíduos que, gozando duma perfeita permeabilidade tubária, conseguem compensar com o mínimo esforço; a maior parte das pessoas tem no entanto maior ou menor dificuldade em faze-lo e terão que recorrer a artifícios para o conseguir.Dependendo de indivíduo para indivíduo, mas, sem diferenças significativas, torna-se necessário compensar para variações de pressão da ordem dos 300g/cm2 , o que sucede de 3 em 3 metros. Apertando o nariz, fechando a boca e expirando com força, como se estivesse a assoar, faz-se com que o ar passe pelas trompas - chama-se a este procedimento a manobra de Valsava, descrita pelo seu autor pela primeira vez em 1704.

Uma outra manobra que se poderá aplicar é denominada por manobra de Frenzel,descrita em 1938.Com a glote bloqueada, as narinas tapadas e com a língua levantada aplicada contra o céu-da-boca, deve-se tentar imitar o som QUA. Isto corresponde ao mesmo movimento de tentar engolir em seco, sem que haja necessidade de tapar as narinas.Um outro artifício para tentar compensar é o de engolir em seco. Há mergulhadores que conseguem compensar desta forma.Embora a manobra de Valsava seja a mais utilizada, por ser a mais simples e eficaz, as duas últimas são no entanto, as menos "violentas", pois, especialmente a ultima, provoca a abertura das trompas naturalmente, sem necessidade de injectar ar.
Qualquer manobra deve ser realizada antes de se atingir o momento em que a dor nos faz lembrar que temos que executa-la!!! Desta forma, não forçaremos os tímpanos sem necessidade.

A compensação na subida:

Durante a subida, passa-se o inverso do que foi descrito para a descida. A pressão exterior diminui e o ar que se encontra no ouvido médio expande-se, empurrando o tímpano para fora.
Normalmente este excesso de ar tem tendência para se escoar pelas trompas que se abrem naturalmente dada a maior pressão interior. Caso isso não aconteça, o mergulhador pode efectuar o que se designa por manobra de Toynbee, descrita em 1863. Esta, é uma manobra contrária à de Valsava. Em vez de se soprar, procura-se sugar o ar em excesso; não é, porem, uma manobra tão eficaz como a de Valsava. Se pegarmos num tubo de borracha fina e soprar-mos por uma das extremidades, as paredes afastam-se para deixar passar o ar, o que corresponde a manobra de Valsava. Mas se aspirarmos o ar em vez de soprarmos, a tendência é para que as paredes do tubo se colem e não deixem passar, senão muito dificilmente.

Cremos que este exemplo dá uma ideia da ineficácia que por vezes encontramos na manobra de Toynbee. Depois do que foi dito, é fácil compreender que quando um mergulhador tem as fossas nasais congestionadas a compensação se torna difícil ou até impossível. Não é pois de estranhar que seja tentado a usar produtos que provoquem o descongestionamento e lhe permitam compensar.
Esses medicamentos, aplicados momentos antes da descida, podem na realidade permitir-lhe essa compensação, mas, se o seu efeito for de curta duração o mesmo já não acontece na subida. O mergulhador não pode aplica-los debaixo de água e encontra-se a braços com um problema grave: não compensar durante a subida!!!

Duas normas fundamentais que não devem ser esquecidas:

1 - Nunca mergulhar quando se verificar qualquer inflamação ou congestão dos tecidos que impeçam uma compensação normal.
2-Nunca usar medicamentos que provoquem o descongestionamento momentâneo para conseguir uma compensação. Se esta se realizar na descida e não se realizar na subida, poderá ter consequências trágicas!

Barotraumatismos

Barotraumatismos:

Embora todos os acidentes mecânicos provocados pela variação da pressão possam designar-se por barotaumatismos, ou seja, trauma provocado pela pressão (baros), é habitual reservar-se esta designação para os acidentes verificados a nível das chamadas cavidades pneumáticas.
Existem no corpo humano cavidades cheias de ar e que se encontram em comunicação com as vias respiratórias, sofrendo por isso, os efeitos da variação da pressão.
Estas cavidades podem dar origem a uma série de acidentes, alguns graves!!!

Acidentes mais frequentes e como os prevenir

O ouvido -

A membrana do tímpano separa o ouvido externo do ouvido médio, estando equilibrada por pressões iguais em cada uma das suas faces.
A pressão exterior "comunica" com a membrana do tímpano, seja através do ar que normalmente fica retido no canal auditivo, seja através da água que pode eventualmente inundá-lo.
Sob o efeito da pressão, maior no exterior do que no interior, o tímpano encurvar-se-á para dentro. Para evitar este efeito, teremos que compensar a pressão exterior. Durante a subida passa-se o contrário, a pressão exterior, vai diminuindo e a pressão interior, aumentada pela manobra de compensação vai fazer o tímpano encurvar para fora. Teremos aqui também que proceder a nova compensação, agora no sentido inverso, ou seja, retirando ar do ouvido médio.
Na realidade poderemos, através da trompa de eustaquio (canal que liga o ouvido médio às fossas nasais), fazer passar ar das fossas nasais para o ouvido médio e vice-versa, e assim, compensar as variações da pressão exterior. Chama-se a este artifício a manobra de compensação.
Se esta manobra não for executada o tímpano distender-se-á, provocando uma sensação dolorosa que é um aviso para o mergulhador; insistindo poderemos levá-lo à ruptura, o que irá provocar um acidente grave. A dor causada pelo rebentamento do tímpano pode dar origem a uma síncope.
A entrada de água para o ouvido médio e, deste para o ouvido interno provoca a vertigem de Meniere e a perda do sentido de orientação.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Pós Graduação em Enfermagem Pré Hospitalar

Penso estar no momento certo, para a criação de uma pós graduação em enfermagem pré hospitalar. Em breve terei novidades sobre este assunto. Teremos que uniformizar a formação nesta area que tem tido muita procura pelos colegas enfermeiros.

sábado, 4 de outubro de 2008

INSUFLAÇÃO TRAQUEAL DE GÁS

FISIOPATOLOGIA:

COM A MODIFICAÇÃO DA ESTRATÉGIA VENTILATÓRIA NOS PACIENTES COM A.R.D.S., E AO TENTAR POUPAR O PULMÃO VENTILADO, PASSAM A SER UTILIZADOS MENORES VOLUMES CORRENTES E PRESSÕES NA VIA AEREA MAIS BAIXAS. ISTO VAI CONDUZIR A UMA MENOR VENTILAÇÃO ALVEOLAR E APARECIMENTO DE HIPERCAPNIA MAIS OU MENOS IMPORTANTE.
COMO SOLUÇÃO PARA O AUMENTO DO ESPAÇO MORTO ANATOMICO, TENTOU-SE AUMENTAR A VENTILAÇÃO DO REFERIDO ESPAÇO MORTO.
ISTO PODE SER CONSEGUIDO ATRAVÉS DA INSUFLAÇÃO INTRA-TRAQUEAL DE O2.(1)

TECNICA:

NA SUA FORMA MAIS SIMPLES, FAZ-SE ATRAVÉS DA COLOCAÇÃO DE SONDA DE ADMISTRAÇÃO DE O2 INTRA-TRAQUEAL. A PONTA DO CATETER DEVE FICAR NA PROXIMIDADE DA CARINA (1-3 CM) E O DÉBITO DE OXIGÉNIO DEVERÁ SER MANTIDO ENTRE 2.5 A 5 L/MIN.
SÃO COMPLICAÇÕES POTENCIAIS TER ATENÇÃO À PRODUÇÃO DE HIPERISUFLAÇÃO OU AUTO-PEEP COM DEBITOS ELEVADOS, EVENTUAL LESÃO DIRECTA DA MUCOSA BRONQUICA E RETENÇÃO DE SECRECÇÕES BRONQUICAS QUANDO SE UTILIZA O2 NÃO HUMIDIFICADO

POSICIONAMENTO

FISIOPATOLOGIA:

ATRAVÉS DE ESTUDOS DE IMAGEM REALIZADOS EM DOENTES COM A.R.D.S. FOI CONFIRMADA A DISTRIBUIÇÃO HETEROGENEA DAS AREAS DE CONDENSAÇÃO PULMONAR QUE O CARACTERIZAM.
ASSIM VERIFICOU-SE QUE AS DENSIDADES REGIONAIS TINHAM TENDENCIA A CONCENTRAR-SE NAS ZONAS DE DECLIVE DOS CAMPOS PULMONARES - EDEMA GRAVITACIONAL PREDOMINANTE NAS REG. DORSAL E PARAVERTEBRAL.(1)

O ESPAÇO AEREO PULMONAR E CONTEUDO GASOSO TOTAL VAI SENDO REDUZIDO ATRAVÉS DA COMPRESSÃO PROGRESSIVA DE AREAS PULMONARES VIZINHAS, COM FORMAÇÃO DE ATELECTASIA GRAVITACIONAL COMPRESSIVA.

ESTA ALTERAÇÃO ESTRUTURAL VAI PROVOCAR:
1. AGRAVAMENTO DO SHUNT PULMONAR
2. AUMENTO DO ESPAÇO MORTO
3. AUMENTO DAS PRESSÕES ARTERIAIS PULMONARES
4. DIMINUIÇÃO DA COMPLIANCE

POSICIONAMENTO:

ESTUDOS REALIZADOS(2) VERIFICARAM QUE O POSICIONAMENTO DESTES PACIENTES EM DECUBITO VENTRAL , LEVOU A UMA MELHORIA DA OXIGENAÇÃO, NUMA PERCENTAGEM SIGNIFICATIVA (50%).

COMO MECANISMOS PROPOSTOS PARA ESTE FACTO:

1. MELHORIA DA VENTILAÇÃO POR AUMENTO DA CAPACIDADE RESIDUAL FUNCIONAL.
2. REDESTRIBUIÇÃO DA PERFUSÃO PARA LONGE DAS AREAS DE DECLIVE EDEMACIADAS.
3. MELHORIA DA EXCURSSÃO DIAFRAGMÁTICA



COMO FOI DESCRITO ANTERIORMENTE APENAS ALGUNS DOENTES RESPONDEM A ESTA MANOBRA. QUANDO O DECUBITO VENTRAL É INSTITUIDO PRECOCEMENTE NA EVOLUÇÃO DO A.R.D.S. ( 24-48 HORAS )

Modalidades de Suporte Ventilatório

O Servo 900C possui 7 modalidades de assistência ventilatória; 3 modalidades controladas, volume controlado (VC), com e sem suspiro, e pressão controlada (PC), 2 modalidades de ventilalação mandatória intermitente sincronizada (SIMV), com e sem pressão assistida (PA), PA isolada e pressão positiva contínua na via aérea (CPAP). As modalidades mais correntemente usadas são o VC, PC, SIMV+PA e a PA. As outras formas de assistência ventilatória entraram em desuso no contexto de doente crítico.

Modalidades Controladas (VC e PC)

As modalidades controladas caracterizam-se pela ciclagem ser feita por tempo, podendo o ciclo respiratório ser dividido em tempo inspiratório (Ti), tempo de pausa (Tp) e tempo expiratório (Te). Estes tempos são calculados pelo ventilador em função da frequência respiratória marcada (ex. f. respiratória de 10/min; duração do ciclo respiratório = 6 seg.; a duração do Ti, Tp e Te dependem das percentagens marcadas no ventilador).

Volume Controlado -

Em VC o parâmetro constante é o volume corrente (Vt), que é definido pela divisão do volume minuto (VM) pela frequência respiratória marcada. O fluxo pode ser crescente ou constante. Presentemente não se usa o fluxo crescente. Sendo o fluxo constante, o volume sobe de forma linear. O parâmetro variável é a pressão das vias aéreas, que dentro de certos limites sobe de forma linear e que pode variar de ciclo para ciclo. A principal vantagem desta modalidade resulta do Vt ser constante e a principal desvantagem apontada resulta do facto do fluxo ser constante, e não decrescente.

Pressão Controlada -

Nesta modadidade o parâmetro constante é a pressão, a qual é definida previamente no ventilador. Uma vez qua a pressão é constante o fluxo é decrescente e o volume sobe mais rapidamente no início da inspiração e diminui para o final. O parâmetro variável é o Vt que é influenciado por variações de compliance. As principais vantagens desta modalidade são o facto do fluxo ser decrescente e as pressões na via aérea não ultrapassarem as previamente marcadas. A principal desvantagem é a variação do VM.

SIMV+PA

O SIMV+PA é uma modalidade que se aplica a doentes que têm estímulo inspiratório. Nesta modalidade respiratória o doente recebe um determinado nº de ciclos mandatórios, controlados pelo ventilador, que se ajustam previamente no botão de SIMV. Entre as respirações mandatórias o doente pode respirar espontaneamente com suporte de pressão ajustado no botão de pressão assistida. O padrão respiratório das respirações mandatórias é semelhante às ventilações de VC e o Vt é programado da mesma maneira. Nesta modalidade temos de definir dois tempos: o ciclo de SIMV e o período de SIMV. O ciclo de SIMV é o tempo em segundos entre o início de duas respirações mandatórias e é dado pela seguinte fórmula: 60/frequência de SIMV. Por cada ciclo de SIMV há um período de SIMV. A duração do período de SIMV é o tempo de uma respiração em volume controlado e depende da frequência respiratória marcada. O tempo disponível para respiração espontânea em PA entre respirações mandatórias é igual ao ciclo de SIMV menos o período de SIMV.
Um esforço inspiratório que dispare o "trigger" durante o período de SIMV inicia uma respiração mandatória com os parâmetros marcados. Esforços inspiratórios durante o tempo disponível para respiração espontânea inicia uma respiração em PA, até terminar um ciclo de SIMV e iniciar outro.
São apontadas ao SIMV+PA as seguintes vantagens potenciais em relação às modalidades controladas (VC, PC): 1) menor "luta" contra o ventilador e portanto menor necessidade de sedação; 2) menor risco de alcalose respiratória; 3) menor pressão intratorácica média; 4) distribuição do ar intrapulmonar mais uniforme; 5) reeducação dos músculos respiratórios. As desvantagens apontadas são: 1) aumento do risco de retenção de CO2; 2) aumento do trabalho respiratório; 3) fadiga dos músculos respiratórios.
Em comparação com a PA são apontadas as seguintes vantagens potenciais: 1) maior segurança por haver frequência mandatória (?); 2) prevenção de atelectasia (com SIMV baixa frequência 1-3 ciclos/min e Vt altos). Os principais incovenientes são: 1) prolonga o tempo de desmame; 2) trabalho respiratório das respirações mandatórias e das em PA é semelhante não havendo qualquer diminuição do trabalho, há inclusivamente artigos que sugerem aumento do trabalho respiratório; 3) menor sincronismo doente-ventilador; 4) desconforto se frequências de SIMV elevadas. Na modalidade de SIMV+PA se não se fornecer a pressão assistida ajustada ao doente e à situação clínica pode-se aumentar o trabalho respiratório. Por outro lado, se a frequência de SIMV for elevada (>8/min) o tempo para respiração espontânea é muito pequeno (ciclo de SIMV - período de SIMV), assemelhando-se mais a VC.

Pressão Assistida

Nesta modalidade a ciclagem é feita por fluxo. No Servo 900C a inspiração inicia-se quando o doente faz um esforço inspiratório e desencadeia o "trigger", passando para a expiração quando o fluxo respiratório atinge 25% do fluxo máximo. Este parâmetro é fixo. A inspiração é assistida por uma pressão predeterminada, sendo por isso o fluxo decrescente e o aumento de volume maior no início da inspiração e menor no final. A frequência respiratória depende do doente, sendo a modalidade em que se consegue maior sincronismo doente-ventilador, necessitando por isso menos sedação. O maior incoveniente resulta do risco de hipoventilação, mas este é detectado pelo alarme de VM. A PA não é apenas uma modalidade de desmame, podendo os doentes ser conectados e ventilados nesta modalidade. Nesta modalidade quanto maior a pressão assistida menor o trabalho respiratório e menor o VO2. Com pressões superiores a 10 cm H2O, conseguem-se diminuições importantes do trabalho respiratório. Por exemplo, doentes com DPCO têm o mesmo trabalho respiratório em ventilação controlada e em PA=15 cm H2O. O trabalho respiratório de um doente desconectado é sobreponível quando ventilado em PA 4-6 cm H2O, e o trabalho respiratório de um doente extubado é sobreponível quando ventilado em PA de 8 cm H2O.

Fisiologia da Ventilação

A aplicação da ventilação mecânica implica monitorização de determinados parâmetros de mecânica ventilatória. Estes dados servem não apenas para observar a evolução clínica e ajustar a programação do ventilador, mas também para prevenir as lesões pulmonares induzidas pelo ventilador (baro e volotrauma). Vamos descrever os parâmetros que é possível monitorizar com o Servo 900C.

Pressão de Pico

A Pressão de Pico (Pp) é a pressão máxima durante a insuflação de gases. Em modalidades volumétricas controladas (VC), a Pp depende da compliance pulmonar estática (Cs), da resistência das vias aéreas, do volume corrente (Vt), do fluxo máximo e do tipo de fluxo. No Servo 900C o tipo de fluxo correntemente usado é o fluxo constante e não é possível alterar o velocidade de fluxo. Esta é automaticamente calculada em função do Vt e do tempo inspiratório (Ti). Deste modo, para uma mesma compliance e resistência, o aumento da velocidade de fluxo resulta no aumento da Pp. Também mantendo constantes estes parâmetros, fluxos crescentes resultam em maiores Pp pois as maiores velocidades de fluxo são administradas no final da inspiração. Em modalidades pressumétricas controladas (PC), a Pp vai ser muito próxima da pressão marcada. No entanto, devido à elevada velocidade de fluxo inicial e ao fluxo decrescente, a pressão inicial pode exceder em 1 a 3 cm H2O a pressão marcada. Com ventiladores volumétricos que possibilitem fluxos decrescentes (que o Servo 900C não permite), conseguem-se menores Pp para as mesmas condições de compliance, resistência e Vt que com fluxos constantes. No Servo 900C a Pp é medida ciclo a ciclo e tem leitura analógica (onde se lê a pressão a cada momento existente no ramo inspiratório) e digital (em que é registada Pp do último ciclo).

Pressão de Planalto

A pressão de planalto (Ppl) é a pressão no final da inspiração medida durante um período de pelo menos 3 a 5 seg de fluxo zero. No Servo 900C é medida com o botão pausa inspiratória prolongada, sendo a leitura feita no visor analógico de pressão. Para correcta medição, o doente deve estar em ventilação passiva, idealmente curarizado. O valor da Ppl que o visor digital fornece não é correcta, pois o Tp habitualmente existente é inferior a 1 seg. A Ppl não é influenciada pelas resistências ao fluxo, pois o fluxo é zero, reflectindo a pressão de pico alveolar. Como medida de prevenção de barotrauma a Ppl não deve ultrapassar os 35 a 40 cm H2O. Em situações clínicas associadas a baixa compliance da parede torácica (ex. cifoescoliose) aceitam-se valores mais elevados.
Na clínica, dada a possibilidade de monitorização contínua destes parâmetros, podemos utilizá-los como indicadores práticos de diagnóstico de situações correntes em doentes ventilados. Se a Pp aumenta e a Ppl se mantém, o que está em causa é um aumento das resistências das vias aéreas (obstrução do tubo por secreções, broncospasmo, etc.). Se ambas as pressões Pp e Ppl aumentarem, o problema resulta da diminuição da compliance (pneumotorax, atelectasia, edema pulmonar, etc.). A diminuição da Pp, pode resultar da existência de uma fuga no sistema.

Hiperinsuflação Dinâmica, auto-PEEP ou PEEP intrínseco (PEEPi)

A Hiperinsuflação Dinâmica resulta da incapacidade do pulmão voltar à Capacidade Residual Funcional, antes do início da inspiração seguinte. Por isso, a pressão alveolar é superior à pressão externa durante toda a expiração, e o fluxo expiratório contínua até ao início da próxima inspiração. Auto-PEEP é a diferença da pressão alveolar e a pressão externa no final da expiração. No Servo 900C pode ser medida em doentes em respiração passiva, sem grandes esforços respiratórios, com o botão de pausa expiratória prolongada, para se obter um fluxo zero durante pelo menos 0.5 seg. A leitura é feita no manómetro analógico. O auto-PEEP aparece em diversas situações; está presente na DPCO, asma e sempre que houver obstrução das vias aéreas. Elevados Vt e/ou relações I/E invertidas tendem a criar auto-PEEP, o que tem que ser medido e monitorizado. As medidas para diminuir o auto-PEEP são diminuição do Vt, diminuição da frequência respiratória, diminuição do Ti, aumento do tempo expiratório (Te), optimização da terapêutica broncodilatadora. As consequências da Hiperinsuflação Dinâmica estão relacionadas com alterações dos volumes pulmonares e pressões alveolares: 1) faz com que o Vt cicle mais perto da Capacidade Pulmonar Total onde a compliance é menor, elevando por isso as pressões, 2) interfere com o "trigger", 3) a conjugação do 1) e 2) resultam num aumento do trabalho respiratório durante o desmame, 4) tem efeitos hemodinâmicos idênticos ao PEEP extrínseco (PEEPe).

Compliance Pulmonar Estática

A Compliance Pulmonar Estática (Cs) define-se como a variação de volume por unidade de pressão. A compliance respiratória refere-se à variação de volume dos pulmões e parede torácica resultante da variação de pressão alveolar. O cálculo da Cs é feito pela seguinte fórmula: Cs = Vte/Ppl-PEEPt, em que Vte é o volume corrente expirado e PEEPt = PEEPe+auto-PEEP. Num indivíduo normal em ventilação espontânea a Cs é de cerca de 90 mL/cmH20. Num doente sem patologia pulmonar e anestesiado, em decúbito dorsal, a Cs é normalmente de 100 mL/cmH2O. A compliance pulmonar pode variar consideralvelmente de momento a momento devido a diversos factores como grau de relaxamento muscular, posição, patologia pulmonar, etc., como também pode variar em diferentes regiões do pulmão. A principal limitação da sua avaliação é a impossibilidade de medir o contributo da parede torácica. Deste modo, uma medida isolada não tem muito valor, mas a sua monitorização, desde que as condições da parede torácica não se modifiquem, dão indicação das variações da compliance pulmonar, nomeadamente em doentes com ARDS.