terça-feira, 14 de outubro de 2008

Manobras de Compensação

Qualquer manobra que faça abrir as trompas de Eustaquio designa-se por manobra de compensação.Há indivíduos que, gozando duma perfeita permeabilidade tubária, conseguem compensar com o mínimo esforço; a maior parte das pessoas tem no entanto maior ou menor dificuldade em faze-lo e terão que recorrer a artifícios para o conseguir.Dependendo de indivíduo para indivíduo, mas, sem diferenças significativas, torna-se necessário compensar para variações de pressão da ordem dos 300g/cm2 , o que sucede de 3 em 3 metros. Apertando o nariz, fechando a boca e expirando com força, como se estivesse a assoar, faz-se com que o ar passe pelas trompas - chama-se a este procedimento a manobra de Valsava, descrita pelo seu autor pela primeira vez em 1704.

Uma outra manobra que se poderá aplicar é denominada por manobra de Frenzel,descrita em 1938.Com a glote bloqueada, as narinas tapadas e com a língua levantada aplicada contra o céu-da-boca, deve-se tentar imitar o som QUA. Isto corresponde ao mesmo movimento de tentar engolir em seco, sem que haja necessidade de tapar as narinas.Um outro artifício para tentar compensar é o de engolir em seco. Há mergulhadores que conseguem compensar desta forma.Embora a manobra de Valsava seja a mais utilizada, por ser a mais simples e eficaz, as duas últimas são no entanto, as menos "violentas", pois, especialmente a ultima, provoca a abertura das trompas naturalmente, sem necessidade de injectar ar.
Qualquer manobra deve ser realizada antes de se atingir o momento em que a dor nos faz lembrar que temos que executa-la!!! Desta forma, não forçaremos os tímpanos sem necessidade.

A compensação na subida:

Durante a subida, passa-se o inverso do que foi descrito para a descida. A pressão exterior diminui e o ar que se encontra no ouvido médio expande-se, empurrando o tímpano para fora.
Normalmente este excesso de ar tem tendência para se escoar pelas trompas que se abrem naturalmente dada a maior pressão interior. Caso isso não aconteça, o mergulhador pode efectuar o que se designa por manobra de Toynbee, descrita em 1863. Esta, é uma manobra contrária à de Valsava. Em vez de se soprar, procura-se sugar o ar em excesso; não é, porem, uma manobra tão eficaz como a de Valsava. Se pegarmos num tubo de borracha fina e soprar-mos por uma das extremidades, as paredes afastam-se para deixar passar o ar, o que corresponde a manobra de Valsava. Mas se aspirarmos o ar em vez de soprarmos, a tendência é para que as paredes do tubo se colem e não deixem passar, senão muito dificilmente.

Cremos que este exemplo dá uma ideia da ineficácia que por vezes encontramos na manobra de Toynbee. Depois do que foi dito, é fácil compreender que quando um mergulhador tem as fossas nasais congestionadas a compensação se torna difícil ou até impossível. Não é pois de estranhar que seja tentado a usar produtos que provoquem o descongestionamento e lhe permitam compensar.
Esses medicamentos, aplicados momentos antes da descida, podem na realidade permitir-lhe essa compensação, mas, se o seu efeito for de curta duração o mesmo já não acontece na subida. O mergulhador não pode aplica-los debaixo de água e encontra-se a braços com um problema grave: não compensar durante a subida!!!

Duas normas fundamentais que não devem ser esquecidas:

1 - Nunca mergulhar quando se verificar qualquer inflamação ou congestão dos tecidos que impeçam uma compensação normal.
2-Nunca usar medicamentos que provoquem o descongestionamento momentâneo para conseguir uma compensação. Se esta se realizar na descida e não se realizar na subida, poderá ter consequências trágicas!

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