quinta-feira, 30 de abril de 2009

TRAUMA POR CORNADA DE TOURO


Mecanismo:


O mecanismo da lesão explica-nos as múltiplas trajectórias que se encontram nas feridas por haste de touro. Quando o corno penetra no organismo, o touro levanta o toureiro/forcado com um derrote, neste momento apresenta-se a primeira trajectória para cima. O corpo do forcado/toureiro gira por princípios físicos, procurando equilibrar o seu centro de gravidade. Ocorre quase sempre um segundo derrote, produzindo-se a segunda trajectória, abaixo do organismo do toureiro/forcado e pode continuar lesionando sempre que não se desprenda do corno.
Além das cornadas como agente directo do trauma, também o corpo do animal e as patas, são responsáveis por lesões graves. Estas ultimas causam lesões cortantes e fracturas ao pisar o forcado/toureiro. O forcado e o toureiro sofrem lesões distintas devido à maneira como enfrentam o touro. O forcado geralmente sofre lesões frontais, posteriores, lombares e periniais. O toureiro enfrenta o touro durante mais tempo, pelo que as lesões na sua maioria, dão-se sobretudo em sorte suprema, sendo as feridas anteriores, a maioria na região Antero-interna do músculo direito no triângulo de Scarpa (pelo o que também é conhecido pelo triangulo dos toureiros); abdominais; cervicais e também feridas do perineo, por derrote do touro e deslizamento da haste pela região peritoneal. As enfermarias das praças de touros, apresentam na sua estatística casos de lesões na L3; penetração retroperitoneal; dissecção da veia cava inferior e rotura da base do mesentérico ao penetrar na cavidade abdominal.

Lesões:


As lesões ocasionadas pelo corno são variadas e algumas são consideradas especiais. As cornadas de acordo com a sua profundidade dividem-se em: pontada e cornada propriamente dita. Pontada, é a escoriação dermoepidérmica por fricção que produzem as hastes, ao penetrar o piton, apresenta-se quando o corno alcança o corpo do toureiro tangencialmente. A cornada consiste na penetração do piton, ao nível do plano aponevrótico. Existe uma cornada especial, que recebe o nome de cornada fechada, denomina-se assim as feridas produzidas pela haste do touro, que não lesionam a pele, mas sim todas as camadas profundas: a aponevrose, os músculos, vasos e órgãos internos. Requer que ocorra um relaxamento da pele e da aponevrose, o que vai permitir que o piton se cubra de pele e penetre, rasgando os planos profundos. Este tipo de lesão ocorre muitas vezes nos bandarilheiros (lesões no abdómen). Esta lesão deve-se tratar correctamente, já que passa inadvertida, e pode ocasionar graves complicações. Toda a lesão desta natureza deve intervir-se desde a contusão grau II em diante, porque se não se fizer nada, evoluiu para hematoma; abcesso e hérnia.

Infecção:

A ferida por haste de touro, é uma ferida suja, a qual tem uma incidência de infecção que vai desde 22% a 40%, segundo diferentes autores. A flora bacteriana é mista sendo das seguintes categorias: os anaeróbios, os aeróbios Gram positivo e o Gram negativo (quando há penetração do cólon e recto), bacilos entéricos Gram negativo. O antibiótico ideal é o metronidazol ou a clindamicina podendo também associar-se um aminoglicosido tipo gentamicina ou amicacina. É importante o cálculo adequado da dose de antibióticos para chegar a níveis tissudulares terapêuticos. Deve estar sempre presente que se a cirurgia se prolonga o paciente perde um volume importante de sangue, e que se deve administrar uma segunda dose, para manter os níveis tissudulares adequados.

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