domingo, 2 de novembro de 2008

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA GRÁVIDA TRAUMATIZADA

Neste momento, já é conhecido que o útero comprime a veia cava inferior, diminuindo o retorno venoso: assim, a grávida deve ser transportada e avaliada em decúbito lateral esquerdo e, quando isso não for possível, por exemplo, na suspeita de trauma de coluna vertebral, o útero deve ser deslocado manualmente para o lado esquerdo, ou o leito deve ser inclinado para esse lado.
A avaliação inicial da grávida politraumatizada não difere dos padrões adoptados nas pacientes não grávidas, iniciando-se com o (ABCDE). Devem avaliar-se as condições respiratórias e corrigi-las, se necessário, mantendo a boa oxigenação materna.
Em relação à avaliação das condições hemodinâmicas, deve ser levado em consideração que, devido a hipervolémia fisiológica, podem ocorrer alterações da perfusão tecidular e sofrimento fetal, antes que a grávida apresente sinais clínicos de hipovolémia, podendo ocorrer alterações da perfusão tecidular e sofrimento fetal.
As contracções uterinas sugerem trabalho de parto e as contracções tetânicas, acompanhadas de hemorragia vaginal, sugerem descolamento de placenta.
No caso de lesão abdominal a lavagem peritoneal está indicada como diagnóstico auxiliar, e deve ser realizada com a colocação de um cateter sob visão directa na região supra-umbilical.
As indicações cirúrgicas não mudam em função da gravidez, e a laparotomia precoce é indicada em caso de dúvida diagnostica.
Nas lacerações do útero que seja possível a reconstrução, está indicada a sutura deste, mesmo que haja perda de líquido aminiótico e suspeita de morte fetal, pois o líquido aminiótico refaz-se e, se o feto estiver morto, é expulso espontaneamente. Nas lacerações grandes com hemorragia é indicada a histerectomia subtotal.
Nos ferimentos penetrantes do útero a conduta é conservadora, e a gravidez evolui no curso normal.
O descolamento prematuro de placenta, sempre que ultrapassa 25% desencadeia o trabalho de parto. Nestes caso, é indicado o esvaziamento do útero, pois este quadro representa alto risco para a mãe.
Em urgência, quando for necessária a realização de uma histerectomia a opção é feita pela subtotal; a histerectomia total é só indicada quando o útero for um foco de infecção.
Em caso de fractura de bacia, lesões de coluna vertebral e fracturas com traços que dificultem a mobilização é indicada a cesariana se a paciente entrar em trabalho de parto.
A cesariana pós-mortem é indicada nos casos em que a mãe está morta e que o feto seja viável. O parto deve ser feito no menor tempo possível. A cesariana pós-mortem também está indicada em caso de morte cerebral da mãe.

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