domingo, 2 de novembro de 2008

TRAUMA NA GRÁVIDA

Mecanismos de Trauma
Os mecanismos de trauma são semelhantes aos encontrados nos politraumatizados em geral. Todos os tipos de agressão traumática podem ocorrer durante a gestação, porém, algumas diferenças importantes devem ser ressaltadas, entre elas, o facto de o útero estar mais susceptível ao trauma no terceiro trimestre (diminuição do líquido aminiótico e grande adelgaçamento) e o facto de o abdómen protuberante da grávida tornar-se um alvo fácil, sendo frequentemente afectado por traumas fechados e penetrantes.

Trauma Fechado
Podem ocorrer traumatismos directos, quando a parede abdominal é atingida por um objecto ou traumatismos indirectos que ocorrem por desaceleração, por efeito de contragolpe ou por compressão súbita.
O feto encontra-se protegido pelo corpo do útero e pelo líquido aminiótico e é atingido em traumatismos fechados mais frequentemente quando existe ruptura uterina ou fractura dos ossos da bacia materna.
Pelo facto de o útero ser uma víscera oca, a força que se transmite através do seu conteúdo, faz com que, nem sempre, o local de ruptura seja o mesmo local onde ocorreu a contusão.
O fundo do útero, onde está a placenta, por ser um ponto de menor resistência, é um dos locais onde frequentemente ocorre ruptura; um outro local bastante atingido é a face posterior do útero, sendo este um local de difícil visualização e diagnóstico. Há ainda a possibilidade de ocorrerem lesões na placenta com o útero íntegro, como o descolamento da placenta.
Cerca de 10% das grávidas traumatizadas apresentam fracturas ósseas. Nestas, o tratamento das fracturas não difere do tratamento ortopédico de rotina, porém algumas fracturas como as da bacia e da coluna vertebral podem trazer complicações no momento do trabalho de parto.
Sabe-se que a causa mais frequente de traumatismo são os acidentes de viação. O uso do cinto de segurança diminui significamente a gravidade do trauma e a mortalidade materna, porém pode aumentar a frequência de ruptura uterina e de morte fetal. Os cintos que protegem apenas a bacia estão mais associados a ruptura uterina, já os restritivos do tronco melhoram as perspectivas do feto.
Mesmo assim, o uso do cinto é recomendado, uma vez que as estatísticas comprovam que o seu uso confere protecção segura e que a principal causa de morte fetal em acidentes de transito é a morte materna.

Trauma Penetrante
O útero, como já foi referido, devido ao seu tamanho aumentado, acaba por formar uma barreira protectora aos outros orgãos abdominais, o que justifica a baixa incidência de lesões associadas. Em contra partida, pode ser facilmente atingido e os ferimentos transfixantes podem não só ficarem restritos ao útero, como também atingirem o feto, o cordão e a placenta.

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